Por Beatriz Carvalho, aluna do IFRJ e coordenadora do DHO.
O Brasil na liderança do G20: Impactos nacionais, internacionais e desafios
O Brasil encontra-se em um momento decisivo para sua efetiva inserção no cenário sociopolítico e econômico mundial. O evento não é só uma oportunidade para o Brasil consolidar sua liderança e poder mundiais, mas também para que o país possa direcionar e definir as principais pautas discutidas entre representantes das potências mais influentes do planeta. Desde sua criação em 1999, o G20 tem a finalidade de promover medidas para questões urgentes em cada contexto histórico em que estava inserido. Em meio a instabilidade geopolítica mundial com a guerra entre Israel e Hamas, que se encontra em expansão, envolvendo novos atores locais e abrindo espaço para um conflito generalizado no Oriente Médio e a Rússia com Ucrânia, ambos com resultados imprevisíveis em termos mundiais, se torna ainda mais importante a necessidade dessa cúpula para uma discussão a respeito da reformulação das instituições de liderança global. Em adição, é entendido como crucial que o Brasil se comprometa com a mediação e introdução de discussões sobre outros problemas que também assolam países. Portanto, os eixos introduzidos pelo país (combate à fome, à pobreza, à desigualdade, as três dimensões do desenvolvimento sustentável e a reforma da governança global) são interseccionais – ainda que independentes entre si – e urgentes tendo em vista o agravamento dessas questões no cenário global. A presidência brasileira, ao convidar outras organizações internacionais (Banco Interamericano de Desenvolvimento, Fundo Monetário Internacional e outros), torna os debates e eixos temáticos mais amplos.
No aspecto de impacto internacional, entende-se que o Brasil tem conjunturas internas recorrentes: a polarização da política, os conflitos interministeriais, os conflitos na governabilidade, a diminuição da aprovação do governo e os recentes ataques à democracia e às instituições trazem um cenário de instabilidade e incerteza política preocupantes. Possivelmente, o G20 pode funcionar como ponto de apaziguamento – ainda que momentâneo – para as tensões internamente vividas no país. Também pode-se citar os benefícios estruturais que serão implementados ao sediar o evento. Ganhos significativos em infraestrutura, equipamentos, turismo, comunicação, abertura de novos negócios a partir da interlocução entre empreendedores locais e estrangeiros e outras ocorrências não podem ser colocadas em segundo plano quando se analisa os impactos de recepcionar um encontro com países tão influentes.
Em síntese, é necessário dizer que o Brasil, enquanto presidente do G20, enfrentará desafios para liderar o grupo que se encontra extremamente polarizado e instável. Por um lado, haverá de passar por diversos obstáculos e um cenário de tensão imensos, por outro, caso consiga cumprir com o que está propondo, terá maiores chances de estreitar relações com as nações presentes e oportunidade de mostrar seus poderes de liderança e influência efetivas no cenário mundial. Para ter sucesso, o governo e o Itamaraty irão necessitar recorrer a uma das características mais valiosas da diplomacia brasileira: a boa relação que o país tem com as nações e a potência que possui na questão ambiental. Estratégia e sabedoria serão cruciais para que o resultado seja o melhor possível e para que as consequências internacionais sejam positivas e reflitam no cenário nacional.
YOUTH20: Conferência de Juvenil reforça a importância da incorporação de vozes novas e perspectivas frescas.
Os jovens trazem perspectivas frescas e um senso de urgência para as questões globais mais gritantes do que as gerações passadas. A compreensão profunda das questões que afetam o mundo estão ligadas não só com a noção da empatia e da ideia do coletivo, mas também com o fato delas impactarem diretamente suas vidas e as vidas das futuras gerações. As ações tomadas a respeito das mudanças climáticas para a população mais jovem deixa de ser somente importante para finalidades econômicas e de equilíbrio no presente: se torna urgente pela incerteza de um amanhã habitável.
Existe energia, inovação e força de vontade de criar mudanças positivas para inspirarem políticas mais inclusivas e sustentáveis. Ao mesmo tempo que possuímos garra, apresentamos mente aberta para tentar visualizar os problemas sob opticas diferentes das nossas e entendimento de que terão de haver concessões entre todas as entidades debatendo, com o propósito de alcançar um resultado que englobe todos.
A juventude tem o potencial de compromisso com as gerações futuras, bem como possuem uma diversidade intrajuventude. A variação em origem, perspectivas e culturas dessa faixa etária torna nítido o comprometimento não só com o futuro, mas com a diversidade: não só de uma juventude somente, sim de um conjunto de juventudes. Soma-se, a preocupação na resolução de conflitos futuros, que é uma característica da juventude, com a diversidade que ela possui. Essa mistura de diversas vivências e perspectivas traz um novo olhar para a solução de choques e desentendimentos.
“Ser jovem” nesse cenário de instabilidade constante, é sobre ser mente aberta; querer construir um senso de pertencimento com o mundo. É sobre ser ouvinte. É sobre se colocar no lugar alheio e conseguir discutir opiniões divergentes sem grandes alarmes. É sobre ter a disposição de realmente encontrar soluções abrangentes, inclusivas e práticas. É sobre querer mudança, mesmo que ela signifique alteração no próprio status, desde que seja em prol de um coletivo.